sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Folia de Momo!!!! O que tem por detrás das máscaras?


Caros Amigos Internautas,


Hoje o nosso tema não poderia ser outro, CARNAVAL. Alguém apressadamente poderá se perguntar, o blog não trata é de futebol? a resposta é sim e também! quando se trata de manifestações tão presentes em nossa cultura, o espaço já se justifica. Mas, falar o que sobre o carnaval? qual foi a melhor música? melhor bloco? melhor trio? melhor isso? melhor aquilo?, não! esse espaço é para uma reflexão critica sobre a paixão e a cidadania. Nós baianos gostamos tanto do Carnaval que a outra grande paixão, o futebol, ficou sem reclamações um tanto quanto esquecido nos últimos sete dias de folia. Isso é um fenômeno que acontece em pouquíssimos lugares no Brasil. Parar o campeonato em função do reinado de MOMO. São Paulo não Parou, Rio não parou, Minas não parou , enfim muitos lugares não pararam. Talvez por isso ostentemos com tanto orgulho o título de abrigarmos a maior festa popular do planeta em solo soteropolitano.
Por outro lado, a cada ano que assistimos ao carnaval vimos que a dificuldade do povão aumenta, a massa, favelizada, periferica, pobre e majoritariamente negra continua se expremendo (literalmente) entre as cordas que ratificam os APARTHEID social, emanado que nem no futebol da ilusão de igualdade sem levar em consideração as condições absolutamente desiguais para estes e aqueles que detêm o poder economico na cidade completado com aqueles que vem de fora.
Os circuitos da folia tem COR, DNA, HERANÇA CULTURAL, POLÍTICA E ECONÔMICA.
Assistindo aos programas que se vacilarmos ao clicarmos no controle remoto sai sangue, vimos o carnaval que espanta turistas, denigre a imagm do bom e pacato baiano e que também tem COR, DNA, HERANÇA CULTURAL, POLÍTICA E ECONOMICA. Quanta tristeza nos causa vermos repetir ano após ano o "mau" zelo social pelo ser humano. Pessoas se violentando pelo gosto de machucar uma às outras, sem se dar conta que atentam em ultima instância contra mesmas, como num gol contra, pois a cada ato de barbarie que comete, racae sobre os mesmos a tão pesada sentença fruto da barbarie dos desumanos por séculos.
Num container utilizado pela pólicia para reprimir e tirar de circulação vandalos, a cena era emblemática - Lá estavam os periféricos, presos como bichos que arredios aos cabretos do colonizador, teimavam por rebelasse, utilizando o instrumento que mais lhe oprime historicamente. A força bruta, a irracionalidade, a violência.
Ficamos a nos perguntar... Porque? Porque tem que ser assim? Por que tem sido assim? Meus amigos, numerosas são as razões, e que aqui não daríamos conta, mas é possível e fundamental apontarmos a lacuna do exercício da cidadania entre o legal e o legitimo. Vimos uma operação chamada PENTE FINO, fiquei a pensar em qual situação as pessoas usam pente fino? e cheguei a conclusão que aquelas pessoas eram tidas como sujeira, como "PIOLHOS" e que em nome das drogas - Ah! a maldita droga- precisavam ser "baculejadas". A medida politicamente correta por ser preventiva é até bem vinda, se não fosse apenas direcionada para os periféricos. Se o motivo eram as "drogas", todas as cores e padrões sociais delas fazem uso, financia e mantem o crime organizado. Mas, só os periféricos tiveram o "privilégio" de serem bacujados.
Vimos também alguém sendo preso e desacatando ao vivo e em cores representantes da segurança publica do estado ( policiais civis e militares) dentro de um desses trailes gritando junto aos palavrões o seu nome completo e lógico o nome do seu pai. Será que o nome do pai teve algum peso na situação a ponto de lhe permitir constranger e desafiar a segurança publica sem nenhum tipo de imposição de limites? Hum... alguém que está lendo este cometário seria capaz de imaginar ser esse cidadão, um periférico?????
Um outro dado muito relevante visto no carnaval foi o saldo da violência, segundo a imprensa morreu uma pessoa no circuito durante toda a folia de Momo. Sinceramente não esperava isso, expectivava coisa muito pior, haja vista o que acontece todos os finais de semana nesta cidade, o número absurdo de homicídios. mais uma vez ficamos a refletir: o que teria acontecido? os marginais e exterminadores de futuros resolveram tirar férias e curtir a festa? a polícia deu mostra de que quando a manutenção da vida é uma prioridade - mesmo sem necessariamente a VIDA ser uma prioridade - consegue estancar e ser competente na missão de assegurar o direito de ser gente que toda gente tem? Por um motivo ou por outro estamos comemorando a VIDA e desejosos que tenhamos carnaval todo dia na periferia de Salvador. Este carnaval nós apoiamos integralmente. O carnaval da Vida!!!
O pior de tudo é que por tras da mascara de Mono vem a conta, nós, centrais e perifericos tivemos um débito de mais de 17 milhões de reais dos cofres do municipio sem sequer termos sido consultados. Ou alguém nos perguntou se seria válido patrocinar uma festa onde ficamos roxo ou pelo árduo, precarizado e mais valiado trabalho ou pela ação da violência, enquanto alguns artistas, blocos e trios elitizados acumulam em proporções impesáveis recursos advindo da paixão pelo carnaval? Bem que as manifestações de raiz, como blocos afros, afoxês, trios populares, carnavais de bairro, gostariam receber investimentos economicos para expressar sua poesia e arte. O prefeito disse que foi preciso desviar recursos da saúde e da merenda escolar das nossas criaças. Pode uma coisa dessa? E agora, como fica nossa saude publica e nossas crianças em escolas sem merenda? Afinal, a quem pertence o carnaval? A quem pertence o futebol? Qual o papel da folião pipoca e da galera da Geral? Nos recusamos conceber a representação de serem massas de manobra.
Até mais!




Até mais,

Um comentário:

  1. Que prefeito é esse? Não sou soteropolitana, mas sou baiana, portanto, tenho vergonha de constatar que o perfeito de nossa capital teve a indecência de desviar dinheiro da saúde e da merenda escolar para uma festa que
    ano após ano é feita para a elite.
    O povo precisa urgentemente fazer uma operação PENTE-FINO nos políticos. O carnaval de Salvador é o retrato da desigualdade social que impera no nosso país. É o retrato do APARTHEID na cidade mais "ÁFRICA" do Brasil.
    Você, Bira, fez uma análise realista da festa momesca em nossa capital . Mostrou que onde sobra paixão, falta cidadania.Não há cidadania nenhuma em ficar do lado de fora da corda. Não há cidadania nenhuma em fazer carnaval para "gringo" não somente vê, como também dançar.
    Você tirou as máscaras do carnaval baiano e mostrou podridão. Eu, há muito tempo que fico com um gosto amargo na boca quando vejo que o carnaval é cada vez mais menos popular. Quando é que o povo vai retomá-lo para si?????????????????????????????????

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